No Jornal I – Festas de divórcio, “uma espécie de luto”

Uma espécie de luto

Luís Miguel Neto, psicólogo, considera que estas festas podem ser encaradas como uma nova forma de fazer o “luto da relação”. E, como o próprio refere, “não é por se tratar de uma festa que é menos legítima”.

Tal como tantos outros rituais que marcam o casamento, as festas de divórcio podem ser encaradas como uma “ritualização nas relações”. Segundo este especialista que diz ser a favor deste tipo de festas, o “aspecto de celebração é muito importante nas diferentes fases das relações”. Os divórcios não são excepção.

“As separações, mesmo quando não são litigiosas, marcam uma nova forma de repensar a vida. E a sensação de perda pode ser diminuída por estas festas, que introduzem mais racionalidade na relação, criando uma perspectiva sobre a realidade”, explica ao i o psicólogo.

Além disso, Luís Miguel Neto acredita que este tipo de eventos pode “ser decisivo para marcar a identidade e o carácter das pessoas”, sobretudo nos casos em que as relações são conturbadas. “Se as coisas acabam, não têm de ser vividas com peso”, acrescenta.

Apesar de, aos poucos, estes festejos começarem a entrar no quotidiano de muitas pessoas, as festas de divórcio continuam a ser olhadas com desconfiança. Provocação ou acto de mau gosto, as caracterizações não faltam a quem quer criticar a decisão de celebrar o fim do casamento.

Questionado sobre a resistência que a maioria dos portugueses ainda tem a este tipo de eventos, o psicólogo diz ser “natural haver pessoas que resistam ao triângulo das festas de divórcio”. Porquê? Porque “a cultura portuguesa é muito colectivista”. “A cultura nacional vive em diferentes fusos temporais e é natural que haja vozes que por vezes lembrem mais a Idade Média e outras que se insiram mais dentro da modernidade, dos valores de autonomia, da liberdade e do crescimento pessoal”, termina.

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